Após mais de 10 anos de mobilização do movimento estudantil, a portaria que regulamenta a utilização dos espaços comuns da Universidade para fins recreativos e culturais foi finalmente aprovada em conselho universitario em dezembro de 205, adecisão foi publicada no boletim de serviço da UFF a partir de janeiro deste ano, mas mesmo depois da regulamentação, estudantes e entidades representativas ainda encontram varias dificuldades para realizar festas nos campi da Universidade.
Na Universidade Federal Fluminense as festas haviam sido oficialmente proibidas em 2007, devido ao assassinato de um jovem durante uma confraternização na quadra da faculdade de Direito, no bairro do Ingá; o evento havia sido organizado pelos estudantes do curso de Direito e Comunicação,e logo após o incidente o então reitor decretou a proibição de qualquer evento recreativo nas unidades da instituição, mas isso não impediu que as festas continuarem acontecendo nos diversos campis e polos da instituição. Em 2014, uma nova polemica, a festa “Xereca Satanica” organizada por estudantes do curso de produção cultural, do polo de Rio das Ostras causou polemica na midia, e a reitoria apertou ainda mais o cerco quanto a realização das festas, portões eram trancados, a energia desligada e processos administrativos abertos contra os organizadores dos eventos.
Junto com a regulamentação, no começo deste ano foi tambem criada a Comissão de Eventos recreativos e culturais(CECRE) órgão responsável pela mediação entre os organizadores dos eventos e a Reitoria. É ela quem analisa os pedidos de realização de festas, a Comissão deveria ser composta por membros do DCE da Aduff e do Sintuff mas atualmente funciona sem essa formação, alem do mais estudantes reclamam da dificuldade de dialogo com a entidade:
Tivemos muita falta de comunciação eles nao nso respondiam e nao mostraram nenhum interesse em fiscalizar o andamento do evento se estava tudo certinho ou se estava faltando alguma coisa diz a estudante de Turismo e membro do laboratorio de Eventos de Turismo e Hotelaria, Viviane Ribeiro
Para que sejam autorizadas, as festas devem apresentar em seu plano de execução a contratação de serviços de segurança, os organizadores também sao responsáveis pela preservação e limpeza do local assim como pelo controle de abertura e fechamento dos portoes dos campi após as dez horas da noite. A estudante de comunicação Social e integrante do coletivo Nós nao Vamos Pagar Nada, Isabella de Oliveira critica a individualização da responsabilidade apenas para a Comissão organizadora:
"Segurança, por exemplo é uma demanda da universidade, então,a questão da iluminação e uma serie de coisas que as vezes ficam a cargo da comissão organizadora mas que são muito mais profundas e estruturais de uma universidade que deveriam sim ser responsabilidade da reitoria mas que ela sai pela tangente alegando que não tem recursos para tal. E esses tipos de questões, se colocadas só na conta dos estudantes você criaria uma dificuldade de custos muito alta que acabaria inviabilizando a festa, que mais ou menos é o problema que a gente esbarra hoje na UFF."
No regulamento aprovado em janeiro deste ano, a UFF se compromete ainda a criar ou reformular espaços específicos para a realização de eventos culturais ou recreativos em até dois anos, porem com as dificuldades financeiras e estruturais pelos quais a UFF e as IFES de maneira geral passam atualmente, é difícil acreditar que as mudanças sejam realizadas no prazo determinado, é o que acontece com o IACS por exemplo que apos uma inspeção do colegiado da Unidade foi constatado que o prédio nao apresenta as condições minimas de estrutura e segurança necessária para a realização de eventos, mesmo assim o repasse de verbas para a reforma do instituto nao foi realizado em 2015.
Mais do que meios de interação social e lazer, as festas tambem são importantes para o auto financiamento das organizações estudantis e sociais. Alem de servir como laboratório pratico para graduações especificas como é o caso dos cursos de produção cultural, artes,hotelaria e turismo que necessitam de um espaço de produção e manifestação artística e cultural.
.No mais as festas também servem como uma maneira da universidade cumprir seu papel de fomento a cultura e diversidade, atendendo nao só aos estudantes mas toda a população de Niterói enquanto espaço publico e cultural, sendo assim, a regulamentação da portaria de festas é uma conquista de todos os estudantes e um direito de todo cidadão.
Por Maria Lúcia Meira
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