Rua do Ouvidor: diversão e história no Centro do Rio

"A rua do Ouvidor, a mais passeada e concorrida, e mais leviana, indiscreta, bisbilhoteira, esbanjadora, fútil, noveleira, poliglota e enciclopédica de todas as ruas da cidade do Rio de Janeiro".  (Memórias da Rua do Ouvidor, Joaquim Manuel de Macedo).

Conhecida por ser uma das ruas mais antigas do Rio de Janeiro, a Rua do Ouvidor originou-se em 1597, quando ainda era conhecida como Desvio do Mar. O nome atual foi efetivado em 1780, por influência popular, devido ao fato de, no mesmo local onde se tinha acesso aos armazéns do antigo porto do Rio, residir o ouvidor-mor da cidade, Francisco Berquó da Silveira.

Até a virada do século XX, a rua era um das ruas mais importantes da cidade, reunindo em seu pequeno trecho a maioria dos jornais cariocas, inúmeras livrarias, discussões intelectuais e boa parte das pessoas mais influentes do país. Mas tudo começou com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, quando comerciantes que desembarcavam da Europa se instalavam na região. Quando nos voltamos para a literatura nacional, é possível encontrar várias menções de Machado de Assis à Rua do Ouvidor. Foi o local onde Brás Cubas reencontra Virgília e que recebia os passeios de Bentinho. Diversos movimentos literários e políticos nasceram nas confeitarias e cafés da Ouvidor.

Em 1990, quando houve a inauguração da Avenida Rio Branco, houve um desvio da rota de comércio, diminuindo o fluxo local. O comércio, mudou-se para a principal avenida da cidade maravilhosa, reorganizando os locais de debates de ideias e concentração de pessoas.  Hoje, o local está cercado de arquitetura antiga, igrejas e possui dezenas de lojas, livrarias clássicas, galerias, botequins e  restaurantes. Além disso, o antigo trecho também palco de eventos de jazz, forró e do tradicional Samba do Ouvidor, que resgata a história e origem da música local.

Marry Ferreira

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