Do Rio de Janeiro à crítica sobre problemas da sociedade, Museu de Arte do Rio tem atualmente quatro exposições em cartaz
Por Luiza Gould
ImagináRio, Turvações Estratigráficas, Pinturas Cegas e Vazios de Nós. Profundas ou simples nos pequenos detalhes, essas são as quatro exposições que atualmente dividem espaço no Museu de Arte do Rio. Possuindo cada uma delas seu diferencial, as exposições resgatam a história da cidade, a constituição do próprio museu, trazem o trabalho de artistas consagrados ou novos no meio além de apresentar símbolos repletos de significado, mostrando assim as diferentes faces do MAR. Em cartaz até o final do ano e, algumas, até o início de 2014, as mostras tem obras para todos os gostos.
A simpatia pelo último andar do MAR, no entanto, costuma ser unânime. O local projetado como um espaço permanente para exposições dedicadas à cidade do Rio de Janeiro, com a presença de documentos e registros fotográficos do município, teve como primeira exposição Rio de Imagens: uma paisagem em construção. E agora, com curadoria de Paulo Herkenhoff, ImagináRio oferece um mergulho na cidade maravilhosa com obras dedicadas, por exemplo, ao Cristo Redentor. Em área sobre o maior símbolo do Rio, o público pode conferir uma escultura da cabeça do Cristo Redentor feita por Paulo Landowski; painéis gigantes com fotos de Custódio Coimbra; uma planta de construção do Cristo Redentor com detalhes da estrutura que seria construída em 1931 com 40 metros; além de três exemplos da experiência que reuniu 42 fotógrafos profissionais convidados a registrar o Cristo com câmeras fotográficas mecânicas de diferentes formatos. A exposição trás ainda vídeos que relembram desde fatos marcantes da cidade, como o enterro do Presidente Ruy Barbosa, até eventos já tradicionais como o Reivellón na praia de Copacabana.
ImagináRio agradou a turista Flávia Costa. Professora de Artes de Pernambuco, Flávia veio passar dois dias no Rio e aproveitou para conhecer o mais novo museu da cidade. “Gostei da exposição porque fala do Rio de Janeiro em um período anterior ao que a gente está, mas também tem exposição da arte contemporânea que discute o Rio de Janeiro hoje. Achei interessante por ser um museu de arte do Rio de Janeiro e ter essa discussão sobre a própria cidade”, opinou. O ensaio do curador Yuri Firmeza, porém, foi o que mais encantou a pernambucana: “Gostei muito do fato dele trazer vestígios daqui”, contou.
Em sua fala, Flávia se refere à exposição Turvações Estratigráficas na qual quadros e esculturas dão lugar a pedras, vergalhões, cadeiras quebradas e até pedaços de porcelana. Esses são os achados arqueológicos do período de construção do MAR, durante a reforma do Palecete Dom João VI, do Terminal Rodoviário Mariano Procópio e da época da polêmica remoção dos moradores do Morro da Providência durante a revitalização do chamado Porto Maravilha. Em vídeo exibido para o público logo na entrada da exposição, Yuri conta que a premissa para a mostra foi o fato de não haver obras prontas, mas sim a vontade de pensar uma produção a partir de questões próprias do lugar em que o museu está se inserido.
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As outras duas exposições atualmente no MAR são Pinturas Cegas, de Tomie Ohtake e Vazio de Nós. Esta última baseada no trabalho da artista Berna Reale busca discutir a crueldade a partir de temas densos, trabalhados em vídeos que surpreendem. Em um deles, por exemplo, intitulado Soledade, a diferença social e exclusão dos mais necessitados é debatida a partir da caracterização de Berna como uma mulher rica que anda em uma carruagem puxada por porcos na rota do tráfico de drogas em Belém. Soledade se soma a outras quatro performances da artista, realizadas na capital do Pará, que constituem cinco vídeos distintos: Sem/Título traz a artista nua presa a uma vara de metal sendo carregada por dois homens vestidos de açougueiros, em uma crítica ao abate de animais. Palomo, por sua vez, apresenta Berna com uma focinheira montada em um cavalo vermelho. O trabalho critica o abuso do poder institucional de grupos como a polícia e o Estado. O vídeo Ordinário discute o extermínio a partir de atuação na qual a artista recolhe ossadas humanas encontradas pela polícia em um cemitério clandestino de Jurunas, município da capital paraense. Por fim, em Americano, Berna circula com uma tocha olímpica pelo Complexo Penitenciário de Americano em Belém na tentativa de questionar o fato do Brasil tentar esconder problemas graves, como o encarceramento, ao mesmo tempo em que almeja passar a imagem de um país perfeito para sediar as Olimpíadas de 2014. Soledade, Ordinário e Americano são os trabalhos mais recentes da artista feitos em 2013 para a exposição do MAR.
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Vazio de Nós fica em cartaz no museu até o dia 29 de dezembro, assim como a exposição de Yuri Firmino, Turvações Estratigráficas. Já Pinturas Cegas pode ser conferida até 2 de fevereiro enquanto ImagináRio tem lugar garantido no MAR até o dia 16 de março.
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