Construção do MAR faz parte do Porto Maravilha, projeto que tem levado a remoção de moradores da região portuária
Por Luiza Gould
Ele já é um ponto de referência na cidade, tem exposições que encantam turistas e cariocas e desenvolve projeto de formação de professores. Os números também impressionam. Com 15 mil metros quadrados, 2.400 só de área para as exposições, recebendo anualmente 200 mil visitantes, o Museu de Arte do Rio (MAR) foi inaugurado em março deste ano. Com o custo de R$ 79,5 milhões a construção do museu era uma das metas do projeto Porto Maravilha, encabeçado pela Prefeitura do Rio tendo como apoio o Governo Estadual e o Ministério do Turismo.
O Porto Maravilha prevê a revitalização da chamada região portuária da cidade do Rio, área que abrange os bairros do Caju, Gamboa, Saúde e Santo Cristo. Criado no contexto da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o projeto tem como objetivos a demolição do Elevado da Perimetral, já realizada no dia 24 de novembro, a transformação da atual Rua Rodrigues Alves em uma via expressa e a construção da via Binário do Porto ligando a Praça Mauá a Rodoviária Novo Rio.
A revitalização proposta, no entanto, tem ocasionado a remoção de moradores de locais como a Gamboa e o Morro da Providência. O descontentamento da população começou a ser percebido em episódios envolvendo outros programas do governo, como o Morar Carioca, que prevê urbanização de diversos locais e remoção de moradores de áreas de risco. No dia 27 de julho de 2011, moradores do Morro da Providência se reuniram na Praça Américo Brum da comunidade em uma tentativa de impedir a destruição do local. A praça, considerada ponto de convivência foi desativada para a construção de um teleférico.
Esse e outros casos levaram a Anistia Internacional a se pronunciar em setembro deste ano, iniciando uma campanha contra a retirada de moradores. Segundo dados da ong, 100 mil pessoas foram removidas de suas casas, nos últimos cinco anos, número que se intensificou a partir de projetos como o Porto Maravilha e o Morar Carioca, provenientes da proximidade da Copa do Mundo e Olimpíadas. Na época, em resposta ao pronunciamento, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que as remoções não eram forçadas.
Matéria do jornal O Dia de 14 de março deste ano, no entanto, além de discutir a questão das remoções, com entrevista a moradores do Morro da Providência também levantou um outro problema ligado a revitalização: a especulação imobiliária. Segundo o jornal somente em janeiro e fevereiro deste ano o preço dos imóveis da região subiu cerca de 20%
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