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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Cemitério de Pretos Novos pode fechar

Um dos pontos no Rio de herança africana sofre com falta de repasse
O Cemitério Pretos Novos fica aberto de terça a sexta-feira, das 13h às 18h. Para visitar aos sábados, domingos e feriados, é preciso agendar pelo telefone (21) 2516-7089.
O Circuito Histórico de Herança Africana é um local de muita importância e que ganhou ainda mais evidência durante as obras no Porto Maravilha, já que evidencia todo o processo de formação da sociedade brasileira, com a vinda dos negros que foram escravizados durante a colonização. Como memória do povo africano, esses locais marcam sua resistência e seu passado, sendo de grande importância para escavações arqueológicas e para a valorização da cultura e da herança africana.
Na região portuária do Rio, se concentram 18 pontos que relembram toda essa herança histórica. O Cemitério dos Pretos Novos é um desses pontos, chamado assim por ter sido o lugar onde eram enterrados os escravos mortos na viagem ou na chegada ao Porto do Rio. Foi anos depois, em 1966, que se descobriu que essas sepulturas estavam embaixo de uma casa e este ponto se tornou o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN).
Além do Cemitério, há cerca de outros 17 espaços na cidade que fazem parte do circuito histórico e arqueológico de celebração da herança africana. O Jardim Suspenso do Valongo, por exemplo, conserva a única casa de venda de escravos não demolida pela Reforma Pereira Passos. A Pedra do Sal também merece uma visita e guarda memórias de muita cultura, sendo antiga moradia de africanos recém-chegados ao país e ponto de resistência, celebração e encontro. O Cais do Valongo, antigo atracadouro de navios negreiros, é candidato ao título de Patrimônio da humanidade da Unesco, sendo o mais importante porto de desembarque de escravos nas Américas. E, finalmenteo Centro Cultural José Bonifácio, grande centro de referência da cultura negra, simboliza a educação e cultura como instrumentos de emancipação e liberdade até os dias de hoje.
    
O mercado de escravos no Rio se intensificou a partir da construção do Cai do Valongo que serviu como, porta de entrada de mais de 500 mil africanos.

O Jardim Suspenso do Valongo era onde se encontravam lojas que vendiam escravos e artigos relacionados à escravidão, além de casas de engorde.
Para que se proteja este patrimônio cultural, é preciso reconhecer a sua importância e entender o processo pelo qual os negros e negras passaram durante o Brasil Colônia. Mas não é isso que acontece. Por conta da falta de orçamento, a prefeitura não sabe se poderá continuar a repassar o dinheiro para a conservação do local, apesar de toda a sua importância. Independente das dúvidas sobre a conservação ou não deste espaço, é importante visitar os pontos que guardam tanta história para entender o processo de construção deste racismo estrutural, perpetuado até os dias de hoje.
Ana Luísa Vasconcellos

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