Sunfly - Arte Aborígine
Pouco conhecida pelos brasileiros, a milenar cultura aborígene das distantes e enigmáticas terras australianas é a mais antiga cultura viva nos tempos atuais. Os artistas aborígenes pintam seus sonhos, mas não se trata da nossa ideia tradicional de sonhar e envolver-se no inconsciente. Para eles, representar o “sonhar” significa recontar estórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las a futuras gerações. Essa prática tem relação com sua sobrevivência, já que as pinturas trazem informações vitais, como onde encontrar água permanentemente.
Com status de contemporânea, essa arte está hoje exposta em museus, como o MoMA, em Nova Iorque, e participa de eventos como a Bienal de Veneza, a de São Paulo e a Documenta, em Kassel. Estima-se que, hoje, a arte aborígene australiana movimente cerca de 200 milhões de dólares por ano naquele país e que mais de 7 mil artistas indígenas vivam de sua prática.
A exposição O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália, da Caixa Cultural, traz mais de 70 trabalhos entre pinturas, esculturas e impressões. As obras datam dos anos 1970, quando se iniciou a comercialização da arte dos povos indígenas do país, até os dias atuais e foram selecionadas dentre uma coleção de mais de três mil peças do Coo-ee Art Gallery, a mais antiga galeria de arte aborígene da Austrália.
Segundo o brasileiro curador da exposição Clay D’Paula, a intenção é trazer uma reflexão sobre a filosofia indígena – que consiste no conhecimento mítico – aplicada à arte contemporânea, além da aproximação entre Austrália e Brasil e do reconhecimento a obras de artistas indígenas de todo o mundo, inclusive brasileiros.
Dentre os artistas selecionados estão o pintor Rover Thomas (1926-1998), que mudou a percepção paisagística australiana, e Emily Kame Kngwarray (1910-1996), considerada pela crítica como uma das maiores pintoras da abstração do século XX.´Outro destaque são as chamadas bark paintings, um tipo de pintura sobre entrecasca de eucalipto típica do norte da Austrália e uma das formas de expressão artística mais antigas do mundo, datando de mais de 40 mil anos.
A exposição acontece até 14 de maio, de terça a domingo entre as 10h e 21h. A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, 25, no Centro do Rio e a entrada é gratuita.
A artista Emily Kame Kngwarray e sua obra Merne (Everything).
Carmem Angel
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