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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Os cineclubes e a reflexão sobre o cinema na UFF

Debater a construção por trás de produções audiovisuais e todo seu universo crítico pode ser um convite a viver um encontro avassalador do entretenimento com as questões teóricas estudadas dentro da universidade. Os cine debates nascem em diversos meios como estratégias de discussões em torno de temas extraídos de séries e filmes, fazendo uma abordagem pelo viés do conhecimento acadêmico e experiências pessoais de quem os frequenta, assim como levantam uma discussão de formato, produção e estudos narrativos.
A partir dos diversos produtos midiáticos, principalmente os ficcionais, podemos questionar a representatividade, envolver-se com relações fora da vida comum e nos aproximar de diálogos que nos identificamos ou que precisam ser combatidos. Os questionamentos retirados dos roteiros e da produção são os elementos que promovem a reflexão e, acontecendo dentro do ambiente acadêmico, são direcionados por uma teoria ou disciplina específica.
Na UFF, alguns cine e série clubes se fortalecem como iniciativas que ampliam o espaço de discussão, promovem encontros com temáticas específicas e pesquisas que se relacionam teórica e metodologicamente com questões sociais e do campo da comunicação. Os meses de maio e junho estão sendo marcados por diversas reuniões para estes debates. No próximo dia 30, o  Coletivo Cultura Negra na Escola, originado de um grupo de alunos do curso de História da UFF, criado em 2013, debate a série Cara Gente Branca (Dear White People), original da Netflix. O encontro, que vai acontecer às 15h na sala P406, levanta assuntos acerca de privilégios, relacionamentos inter-raciais, violência policial, blackface, solidão da mulher negra, LGBTs negros e muitas outras temáticas do movimento negro a partir da análise da série.
Voltada para as questões de reflexão sobre os relacionamentos afetivos na atualidade, a Clínica e Conjugalidade UFF, projeto de extensão com diversos campos de atuação, realiza no dia 08 de junho um debate sobre o filme Medianeiras - Buenos Aires na era do amor virtual. O grupo realiza serviços de psicologia aplicada e vai debater o longa embasado em literatura especializada, avançando na direção de um olhar clínico mais amplo e compreendendo as contribuições e problematizações sobre alguns aspectos da conjugalidade. Medianeiras recebeu os prêmios de melhor filme estrangeiro e melhor diretor no Festival de Gramado de 2011 e, segundo o diretor Gustavo Taretto, tem como objetivo “retratar uma solidão que não é dramática, mas uma solidão a que já estamos acostumados. De todos os dias. Solidão urbana. A solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos".
Já o Quase Catálogo, é um Cineclube dedicado às mulheres cineastas com sessões  mensais no Cine Arte UFF. O grupo presta uma homenagem à primeira grande pesquisa sobre realizadoras de cinema no Brasil, sob a organização de Heloisa Buarque de Hollanda, com coordenação e pesquisa de Ana Rita Mendonça e Ana Pessoa. O volume 1 da série Quase Catálogo - Realizadoras de Cinema no Brasil (1930/1988), publicado em 1989, relaciona 195 realizadoras brasileiras e 479 títulos, contribuindo para o aumento da visibilidade de filmes dirigidos por mulheres, fazendo um resgate da história do cinema realizado por elas e abordando sempre a interseção entre gênero e raça, sexualidade, classe, localização geográfica e outras condições sociais e políticas da produção de cinema no mundo.
A próxima sessão do Cineclube acontece hoje, dia 25, às 10h, com o Cine Concerto ao vivo do filme As Aventuras do Príncipe Achmed (1926), o mais antigo longa-metragem de animação de que se tem cópia, dirigido pela cineasta berlinense Lotte Reiniger. Em parceria com a Cineorquestra Soundpainting Rio, coordenada por Taiyo Jean Omura, toda a trilha sonora e sonoplastia do filme será ao vivo, através do "soundpainting", uma linguagem de sinais para composição no instante. Segundo a equipe do Quase Catálogo, “serão mais de 70 músicos e coralistas juntos para potencializar toda a mágica e delicadeza de um dos maiores clássicos da animação”.
Com uma proposta semelhante e voltada para discussões seriadas no ambiente acadêmico, o Série Clube foi idealizado por estudantes e pesquisadores de mídia da UFF, em 2012, e tem como finalidade analisar e discutir esses produtos sob um prisma diferente do habitual. Os encontros são periódicos e abertos ao público, abrangendo reflexões sobre o universos das séries, desde criação a distribuição, com temática decidida semestralmente por toda a equipe. As sessões são feitas através de “confrontos”, exibindo duas séries escolhidas anteriormente e discutindo suas diferenças, proximidades, fatores culturais e o universo na qual foram apresentadas. Para Daniela Mazur, Coordenadora de Comunicação Institucional e mestranda no PPGCOM-UFF, os debates ajudam a entender as produções para além de um produto e ajudam no desenvolvimento do aluno com questões comunicacionais, oratória, defesa de ideias e timidez.
Atualmente, o Série Clube conta com  40 membros divididos em equipes específicas. “Nós levantamos a bandeira dos estudos de séries pois precisamos entender e investigar o questionamento do público sobre a qualidade nacional. O país tem uma capacidade de realizar boas produções e essa é uma questão tanto teórica e acadêmica quanto mercadológica, principalmente pelo alcance e a afetividade que a TV possui”, conta.
Marry Ferreira

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