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quinta-feira, 13 de julho de 2017

Snapcine: Conheça o "Netflix" Brasileiro

O Snapcine


A partir do dia 15 de Julho chega mais um streaming no mercado brasileiro – a plataforma Snapcine. Com a promessa de se tornar a versão tupiniquim do Netflix o canal conta com algumas diferenças em seu modelo.  Diferentemente do serviço gringo, em que a maioria das produções são internacionais, o Snapcine vai oferecer apenas títulos nacionais.




Ao oferecer filmes, séries, documentários e curta-metragens nacionais a plataforma tem como intuito atender o público que sente falta do entretenimento brasileiro de maneira mais acessível. Atualmente, uma versão beta já está disponível, em comemoração ao dia do cinema brasileiro (19/06), que pode ser acessada por meio deste link.


O conteúdo pode ser acessado de forma gratuita ou pago. O catálogo gratuito conta com filmes e séries de TV, mas possui publicidade, enquanto o catálogo pago oferece os lançamentos a preços populares. É nesse ponto que o funcionamento se difere da Netflix, em vez de cobrar um mensalidade para usar o serviço, o espectador vai fazer locações virtuais e, então, ter acesso a uma série ou um filme por determinado tempo.


Os usuários do Snapcine poderão assistir todo o conteúdo no site, smartphones, tablets, PCs, smart TVs e TVs com dispositivo chromecast. Em um primeiro momento o aplicativo estará disponível apenas para Android, mas em breve também será possível utilizá-lo em produtos da Apple.

Versão mobile do aplicativo. 



Em entrevista com Phillipe Ribeiro, um dos criadores da plataforma,  conseguimos entender um pouco mais sobre como surgiu a ideia de criar o Snapcine. Segundo ele, o site surge de uma demanda recorrente no Brasil de ampliar a distribuição de conteúdo audiovisual além do circuito de festivais e da rede de exibição em salas de cinema. A plataforma, que é uma realização da produtora de cinema Casa de Bits, teve a ideia gerada a partir de uma necessidade de alcançar um público maior de produções e de parceiros. E assim foi visto o potencial de criar um serviço pioneiro no país focado em conteúdo nacional.


Quando perguntado sobre a opção de disponibilizar apenas conteúdo nacional no catálogo, Phillipe foi ágil na resposta. “O Snapcine surge como uma missão: oferecer um serviço pioneiro no concorrido mercado de produção de conteúdo audiovisual que pudesse contribuir na resolução de um problema recorrente da cadeia produtiva. E foi aí que após estudos de mercado vimos que o gargalo recorrente na produção nacional é a distribuição e decidimos, então, trabalhar neste nicho. ”, afirmou o criador. Phillipe ainda confessa que o foco no cinema nacional está no fato de acreditar que as produtoras nacionais produzem filmes e séries incríveis e que o mercado não soube, ainda, apresentar ao grande público. Este é exatamente o objetivo da plataforma: exibir a pluralidade do cinema brasileiro de todas as estéticas e temas.


Os streamings são uma nova forma de exibição de conteúdo que significa “transmissão contínua”, ou seja, a distribuição de filmes, músicas ou vídeos pela rede, sem precisar armazenar diretamente no computador ou aparelho. Perguntamos para Phillipe a importância dessa nova forma de exibição, que foi a escolhida pelo Snapcine. O criador declara que o vídeo sob demanda surgiu como uma ferramenta capaz de democratizar o acesso ao conteúdo audiovisual visto que não há a limitação de tempo, como sessões de cinema, ou de espaço, tornando possível oferecer um vasto acervo para diferentes públicos. Phillipe também reconhece que o grande diferencial da tecnologia no vídeo sob demanda é a possibilidade de ver quando quiser, da forma que quiser e na quantidade que quiser.

A plataforma permite que os usuários enviem seus próprios filmes e ainda ganhem uma porcentagem dos lucros. 

Além da distribuição de filmes e séries de todos os tempos, de todas as durações (curtas, médias e longas), e de todas as estéticas e temas, a plataforma também pretende trabalhar com novos diretores e produtoras independentes, assim como trabalha com diretores experientes e produtoras com resultados consolidados de bilheteria. O site funcionará com um esquema de “locação” por filme e série ao invés da conhecida mensalidade fixa.


“A plataforma surge com o intuito de inovar no mercado audiovisual brasileiro e reproduzir modelos já estabelecidos seria apresentar mais do mesmo. Ao invés de uma mensalidade fixa, oferecemos a gratuidade. Sim, a maioria do nosso acervo é composto por filmes e séries gratuitas com publicidade (anúncios). Apenas os lançamentos terão um custo para o público e ainda sim estamos inovando ao oferecer lançamentos de séries a R$ 3,99/temporada e filmes a R$ 1,99. Inovamos, ainda, na distribuição dos recursos. Os filmes gratuitos com publicidade terão 50% da receita destinada aos produtores, assim como os lançamentos em 50% do valor pago será dos realizadores/produtores. Fazendo uma análise comparativa, hoje o produtor recebe 25% do valor apurado num filme no mercado das salas de cinema; nós oferecemos o dobro! ", declara Phillipe.


Espaço para o Audiovisual Brasileiro
A realidade do mercado das séries exclusivamente brasileiras é, praticamente todo voltado para a produção das webséries. Uma das mais famosas webséries niteroienses se chama #NoFluxo e seu episódio piloto teve quase 75 mil visualizações. A websérie durou pouco mais de um ano, rendendo 42 episódios divididos entre 5 temporadas. As cinco temporadas podem ser vistas no canal do youtube da produtora da série.
Elenco masculino de #NoFluxo.
A websérie é uma realização da produtora Atuacine. Em entrevista para o jornal O Fluminense, a diretora-geral da série, Luana Carvalho, afirma: “Moramos em Niterói e queríamos difundir a cultura da nossa cidade. Temos cenários belíssimos e com isso conseguimos valorizar a fotografia do seriado”. #NoFluxo chegou a concorrer a prêmios no Rio Webfest, a maior celebração internacional da internet no Brasil.

Conseguimos contato com uma das atrizes da terceira temporada da websérie, Julia Gusmão, que trabalha como atriz há 17 anos. Ela conta que foi indicada por amigos com os quais já tinha trabalhado previamente e que também viram seu trabalho. Ela fez um teste e passou para protagonizar a terceira temporada. Para Julia, participar da websérie foi importante, pois fazia anos que não lidava com o audiovisual, só trabalhava com teatro, e foi bom ter essa retomada às câmeras. “#NoFluxo foi uma grande divulgação do meu trabalho, pois tem uma maior acessibilidade do público através da internet”, afirma a atriz.
Quando questionada a respeito do Snapcine, Julia conta que já conhecia a iniciativa através de uma amiga que cursa cinema. Ela afirma: “Me interessaria muito atuar e/ou produzir para o Snapcine, pois acredito em todas as ideias que têm o intuito de melhorar e ajudar a área artística, isso me estimula a entrar nesses projetos”. E acrescenta: “Creio que essas iniciativas podem mudar e ajudar muito os profissionais de audiovisual, das artes cênicas e, consequentemente de outras áreas também. É uma oportunidade de divulgar os profissionais brasileiros e ajudar a crescer cada vez mais essa indústria tão importante”, ela conta.
Elenco da websérie #NoFluxo. 
A realidade dos profissionais de artes cênicas é cada vez mais triste. São inúmeros o teatros que estão fechando nos últimos meses. E a indústria cinematográfica brasileira, infelizmente, também não dá o apoio necessário aos pequenos projetos. Os filmes ou peças nacionais que fazem sucesso e rendem uma boa bilheteria são aqueles com rostos “globais” estampados no cartaz. Para Julia, é frustrante ter tantas ideias e conteúdos bons mas não ter nenhum tipo de apoio ou patrocínio.


Opinião dos Espectadores


O apaixonado por séries Gabriel Ferreira é um grande fã das plataformas de streaming. “Nem tenho mais televisão em casa, quando arranjo tempo para relaxar é com o notebook no colo acompanhando novos episódios de House of Cards”, conta o estudante de Estudos de Mídia. A realidade de Gabriel não é mais minoria entre os jovens, que utilizam cada vez mais suportes móveis para acompanhar suas séries e programas preferidos.


Divulgação da Netflix para a 5° temporada de House of Cards.
A Netflix é atualmente a plataforma mais popular de streaming no Brasil e no mundo. São mais de 100 milhões de assinantes, sendo mais da metade fora dos Estados Unidos. “Tenho a assinatura há quase um ano e confesso que não quero saber de outra coisa, as séries originais são incríveis e consigo achar grande parte dos filmes que quero assistir no canal”, relata Gabriel. Quando perguntado se conhecia a plataforma de streaming brasileira, Snapcine, o estudante desconversou: “nunca ouvi falar, mas acho uma ideia bacana investir no streaming brasileiro”.


Mesmo que ainda pouco conhecido, o Snapcine já anima amantes de séries e filmes brasileiros. É o caso de Gabriela Queiroz, estudante de Medicina Veterinária, que possui em seu smartphone a versão beta da plataforma e enxerga grande potencial na iniciativa cearense. “Tenho verdadeira paixão em filmes nacionais, até porque acho que o brasileiro desvaloriza muito o que é produzido no nosso país. Tudo é muito americanizado, os gostos são sempre os de lá, não os de cá. Achei brilhante essa ideia de disponibilizar o que o Brasil produz de melhor com fácil acesso e sem muito custo”, diz Gabriela.

Histórico dos Streamings


No último dia 5, a Netflix completou seu 70º mesiversário no mercado nacional. Ou seja, no dia 5 de setembro estará completando seu sexto ano de vida por aqui. Enquanto isso, mundo afora o serviço de streaming vai se expandindo cada vez mais.


O serviço teve uma revolução com o catálogo da Netflix, que recentemente sofreu uma baixa com as séries da FOX, se tornando disponível no no território nacional em 2011. De lá pra cá, o serviço de streaming cresceu de uma forma absurda, chegando a superar o faturamento de veículos de televisão, à efeito de comparação.


Nos EUA, a Amazon já se destaca com produções premiadas e o HuLu vem com novas séries de destaque nesse primeiro semestre de 2017. Infelizmente, aqui no país, esses serviços ainda não chegam ao consumidor de forma legal. Ou seja, apenas a pirataria dá suporte à quem desejar acompanhar os seriados originais dessas produtoras.


Por aqui, gigantes como a Globo e a HBO (confira nossa crítica de Big Little Lies) vem se consolidando através de seus aplicativos do GloboPlay e HBO Go. Porém, há outras opções como o Snag Films, que contém um acervo de filmes indie, documentários independentes e outras produções não tão populares para o público em geral.


Enquanto as outras grandes empresas do ramo não chegam aqui de forma legal, o Snapcine tentará conquistar seu espaço com essa proposta inovadora e arrojada. O serviço que terá seus próprios moldes terá pela frente grandes desafios para se consolidar no mercado. Amparado na força do mercado e das produções exclusivamente nacionais, ele tem tudo para se destacar no mar de produções americanizadas por todos os lados.


É amanhã. Será que uma nova revolução no mercado está por vir?



Beatriz Feijó
Juliana Carrano
Matheus Maciel
Renan Castelo Branco
Talita Jeolás

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