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quinta-feira, 30 de junho de 2016

A comunicação que está ausente precisa ser ouvida

  Muito se fala hoje sobre a crise no jornalismo e as mudanças e adaptações pelas quais o profissional precisa passar. As várias gamas de mercado que existem hoje, com o crescimento de setores como os da internet e, ao mesmo tempo, a suposta crise do mercado e do jornal tradicional. Uma das facetas dessa crise e dos questionamentos ao jornalismo 'tradicional' é o surgimento, cada vez maior, de veículos e iniciativas alternativas e populares. Jovens recém-formados que se reúnem para formar coletivos, agências e até jornais, buscando diferentes modos de olhar e fazer notícia.
 

  Porém, o que muitas vezes acaba ficando de fora das alternativas de mercado é a comunicação popular. Por que não pensar a comunicação comunitária como um mercado? Como disse Hélio Euclides, do jornal Maré de Notícias (Complexo da Maré), em visita à turma do jornal O Casarão da UFF, os jornais populares têm suas peculiaridades. Hélio ressaltou que os jornais tradicionais têm um trabalho dentro das comunidades, mas são veículos grandes, que cobrem o estado todo e os jornais comunitários conseguem chegar às particularidades da favela.
 

  Se trata de construir uma comunicação que está ausente, lembrou Hélio, dar voz à comunidade em seus diversos aspectos. Aspectos esses que raramente aparecem nos ‘jornalões’. Pequenos negócios e empreendedores, moradores antigos e suas histórias, reivindicações da população, projetos sociais e atividades que acontecem na favela, tudo isso é contemplado nos jornais populares. Eles mostram a cara da comunidade, uma cara diferente do estereótipo que estamos cansados de ver nas grandes mídias. 

 

Jornal A Notícia Por Quem Vive  - Janeiro de 2016

  Em 2012, o Observatório de Favelas fez um importante levantamento de veículos populares do Rio de Janeiro. O próprio Observatório é uma significativa organização que, desde 2001, trabalha em prol da favela e suas demandas, atuando em áreas como políticas urbanas, educação, comunicação, cultura e direitos humanos. Além disso, a fotografia tem um papel importante com o Imagens do Povo, “um centro de documentação, pesquisa, formação e inserção de fotógrafos populares no mercado de trabalho”, que apresenta uma percepção crítica do cotidiano da favela e sua população.
 

  Recentemente, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) lançou o livro “Experiências em comunicação popular ontem e hoje: uma história de resistência nas favelas cariocas”, que faz um mapeamento das iniciativas populares do Rio e reflexões sobre elas.
Confira alguns veículos populares do Rio de Janeiro:
 

Jornal O Cidadão
  O jornal do Complexo da Maré existe há 15 anos e enfatiza seu trabalho no fortalecimento da identidade local e valorização da cultura ‘mareense’, termo que surgiu com o jornal. O Cidadão também defende a garantia dos direitos humanos.
 

Jornal A Notícia Por Quem Vive
  O ANPQV “tem como objetivo informar a notícia como ela é vista pelas pessoas que vivem neste bairro” e você encontra as edições no site do jornal.
 

Agência de Notícias das Favelas (ANF)
  Criada “em janeiro de 2001, foi logo reconhecida pela Reuters como a primeira agência de notícias de favelas do mundo”. A agência conta também com um jornal, o A Voz das Favelas, que circula desde 2009 e tem tiragem de 50 mil exemplares por mês, segundo o site da ANF.
 

Rocinha.org
  No ar desde 2007 e sendo concebido primeiro como um blog, o Rocinha.org hoje é um portal multimídia que abrange toda a maior favela do Brasil. Quando foi lançado o levantamento do Observatório de Favelas, em 2012, o portal tinha aproximadamente 800 mil acessos mensais.
 

TV Tagarela
  A TV de rua da Rocinha existe desde 1998 e, além de produzir e exibir vídeos, “é um mobilizador sociocultural que promove atividades em parceria com outras instituições e movimentos sociais fomentando o desenvolvimento social, político e cultural da comunidade”.
 

  Apenas alguns veículos que fazem comunicação popular foram citados aqui dentre os vários que existem no Rio de Janeiro. A comunicação popular dá voz e representa a comunidade, a periferia.
 

  “É preciso mais olhos nos becos, nas travessas e vielas
para se tornarem avenidas”
Valéria Barbosa

  Extra
  Esta produção do NPC fala um pouco sobre experiências em comunicação popular no Rio e conversa com alguns responsáveis por veículos comunitários da cidade: “Comunicação Popular no Rio: quem faz”.


Por: Carolina Lopes

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