Por Charles Soares
Analisando especificamente o cenário político atual, há observações interessantes a se fazer. A mídia televisiva, de um modo geral, tem por hábito usar o termo presidente antes do nome daqueles que em algum momento ocupara o cargo máximo do executivo nacional. Assim, até pouco tempo, ouvíamos em diversas referências “Presidente José Sarney”, Presidente FHC”... no entanto, logo após o afastamento da Presidente Dilma, não vimos esse mesmo tratamento com ela, ao contrário, a todo instante é usado o termo “a Presidente afastada”. Continuando no tema, tão logo o vice-presidente Michel Temer assumiu a cadeira, era chamado de “Presidente interino”, de repente, o termo “interino” foi abandonado e passou a ser “Presidente em exercício”.
Saindo da questão política, percebemos essas mesmas escolhas significativas que trazem incutidas juízos de valores em outros temas. Na economia, por exemplo, o Jornal O Globo estampou em uma de suas manchetes que o governo pretendia “flexibilizar a jornada de trabalho e salários”, omitindo que a intenção seria aumentar a jornada e diminuir salários. A mesma alta do dólar que “afugenta capital e prejudica as importações” no governo anterior, com a mudança de governo, “atrai turistas e fomenta as exportações”.
São formas sutis que vão disseminando opiniões e ideologias através de técnicas de discurso. O autor de um mesmo crime, pode ser um “jovem delinquente” ou um “bandido” dependendo de sua localização geográfica ou de sua classe social.
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