Por Raphaela Ayres
Brooklyn Nine Nine conta com a presença de personagens femininas de raças distintas - para o público norte-americano Amy Santiago e Rosa Diaz são consideradas latinas - e que evitam estereótipos, tendo uma constituição complexa. Rosa Diaz é a detetive da série que mais se encaixa no perfil de “cara durão”, um papel que geralmente é destinado a homens. Ela é assustadora, esperta, difícil de ler e tem dificuldade em expressar emoções. Mas não há um motivo trágico para ela ser assim e em nenhum momento há uma busca para “melhorar” sua personalidade e torna-la mais dócil e gentil, ela é aceita tal como ela é.
Amy Santiago é uma personagem competitiva, que sempre tenta atingir seu melhor e gosta de se guiar pelas regras. Esse perfil poderia criar uma personagem "chata", que sempre implica com o personagem principal. Mas os roteiristas tiveram cuidado para que isso não acontecesse e que ela se tornasse engraçada a sua maneira. Já Gina Linetti não é uma policial, mas trabalha como administradora na delegacia. Ela é narcisista e adora elogiar e exaltar a si mesma, mas não faz mal a ninguém. Sempre acompanhada de seu telefone, sua personalidade “sem noção” rende várias tiradas engraçadas para a série.
Personagens mulheres de Brooklyn Nine-Nine: Amy, Rosa e Gina, respectivamente |
Amizade entre mulheres. Créditos. |
Cenas da série. Créditos |
Charles Boyle, outro detetive, durante a primeira temporada tem uma queda por uma detetive da delegacia. Ele tenta algumas investidas mas ela o recusa, afirmando que gostava dele como pessoa, mas não estava interessada nele romanticamente. O sentimento, entretanto, permanece. Até que em um episódio que Charles salva Rosa de levar uma bala. Essa situação já foi vista várias vezes em obras de ficção, em que o homem salva a mulher e passa a “merecer” o sentimento da pessoa por quem fez seu ato de heroísmo. Em um primeiro momento, parece ser esse o caminho da série, Rosa passa a agir de maneira legal com ele por gratidão. Até que Charles admite que não estava salvando Rosa, que agiria da mesma maneira com qualquer outro colega policial. E depois, invertendo a história que o “cara legal” sempre fica com a garota, Charles se apaixona por outra pessoa e, depois, pede desculpa a Rosa por ter feito ela se sentir desconfortável com suas demonstrações de amor não-correspondido. A partir daí, eles se tornam amigos.
O feminismo da série é algo tão entrelaçado nas relações dos personagens, que tal posicionamento raramente é discutido. E na verdade, em um mundo ideal, onde a questão de gênero não seria mais um problema, a serie não deveria ser exaltada por essa qualidade, já que deveria ser característica que todos os seriados deveriam possuir. Nesse meio tempo e período de transição, devemos reconhecer os pontos positivos da série e torcer para que esse padrão seja atingido por outras produções.
O feminismo da série é algo tão entrelaçado nas relações dos personagens, que tal posicionamento raramente é discutido. E na verdade, em um mundo ideal, onde a questão de gênero não seria mais um problema, a serie não deveria ser exaltada por essa qualidade, já que deveria ser característica que todos os seriados deveriam possuir. Nesse meio tempo e período de transição, devemos reconhecer os pontos positivos da série e torcer para que esse padrão seja atingido por outras produções.
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