Por Charles Soares
A língua traz muito da cultura e dos princípios de um povo e como não poderia deixar de ser a nossa língua carrega em sua estrutura e seu vocabulário a cultura androcêntrica e patriarcal da sociedade a que serve. Ou seja, nossa língua é machista. Podemos falar de sua estrutura gramatical em que a concordância exige o uso de artigos e adjetivos no masculino quando se refere a grupos de pessoas ou coisas dos dois gêneros, mesmo em casos em que o masculino seja minoria. É comum e gramaticalmente correto o professor se referir à classe como alunos, ainda que haja entre as alunas um só representante masculino. Por mais que linguistas e gramáticos tenham suas justificativas, o caso extrapola as barreiras gramaticais e adentra no campo semântico das ideologias.
Há inúmeros exemplos a serem citados, mas vamos começar com o notório termo “presidenta”. Apesar de o VOLP(vocabulário ortográfico da língua portuguesa) e dicionários como o Houaiss registrarem o termo dezenas de anos antes de termos uma mulher no poder, grande parte da sociedade rejeita o termo. E ao rejeitar, nesse caso, há uma negação não apenas de gênero, mais de uma posição ideológica e política.
O fato de usarmos reiteradamente o termo “homem” como sinônimo de humanidade em expressões do tipo : “O homem foi à lua” , “O homem inventou isso ou aquilo”, “homem das cavernas”, “homem sapiens” é uma forma de marcar o secundarismo feminino. Outra ocorrência marcante são as palavras que ao se referir à mulher ganham uma carga pejorativa que não possuem ao se referir ao homem, como em homem público/mulher pública, homem vadio/mulher vadia, vagabundo/vagabunda, entre tantas outras.
Expressões simples e aparentemente ingênuas com as quais já nos acostumamos, vão marcando posição e ratificando posturas sociais. É o caso do “Vos declaro marido e mulher”, e de usarmos “mulher” (de fulano) no lugar de esposa, em que há uma conotação de posse. Outro caso é a prática disseminada entre os meninos de xingar o outro de mulherzinha, como se ser mulher fosse sinal de fragilidade ou de algo ruim. Outro termo que consolidou-se na língua através das correntes do machismo é “padroeira”. Falamos a padroeira do Brasil, sem nos questionar, que padroeira vem de padre, palavra masculina, para qual há a correspondente feminina “madre”. Por que não “madroeira”?
A língua de um povo diz muito do que ele é. Diz muito do que ele quer ser, pois é ela que carrega através do tempo e espaços geográficos os seus costumes e sua ideologia. Não é à toa que, em vários exemplos da história, ela foi utilizada como arma de dominação. Se quisermos uma sociedade igualitária, menos sexista, um dos primeiros passos é, na medida do possível, procurar representar isso na língua que usamos.
Há inúmeros exemplos a serem citados, mas vamos começar com o notório termo “presidenta”. Apesar de o VOLP(vocabulário ortográfico da língua portuguesa) e dicionários como o Houaiss registrarem o termo dezenas de anos antes de termos uma mulher no poder, grande parte da sociedade rejeita o termo. E ao rejeitar, nesse caso, há uma negação não apenas de gênero, mais de uma posição ideológica e política.
O fato de usarmos reiteradamente o termo “homem” como sinônimo de humanidade em expressões do tipo : “O homem foi à lua” , “O homem inventou isso ou aquilo”, “homem das cavernas”, “homem sapiens” é uma forma de marcar o secundarismo feminino. Outra ocorrência marcante são as palavras que ao se referir à mulher ganham uma carga pejorativa que não possuem ao se referir ao homem, como em homem público/mulher pública, homem vadio/mulher vadia, vagabundo/vagabunda, entre tantas outras.
Expressões simples e aparentemente ingênuas com as quais já nos acostumamos, vão marcando posição e ratificando posturas sociais. É o caso do “Vos declaro marido e mulher”, e de usarmos “mulher” (de fulano) no lugar de esposa, em que há uma conotação de posse. Outro caso é a prática disseminada entre os meninos de xingar o outro de mulherzinha, como se ser mulher fosse sinal de fragilidade ou de algo ruim. Outro termo que consolidou-se na língua através das correntes do machismo é “padroeira”. Falamos a padroeira do Brasil, sem nos questionar, que padroeira vem de padre, palavra masculina, para qual há a correspondente feminina “madre”. Por que não “madroeira”?
A língua de um povo diz muito do que ele é. Diz muito do que ele quer ser, pois é ela que carrega através do tempo e espaços geográficos os seus costumes e sua ideologia. Não é à toa que, em vários exemplos da história, ela foi utilizada como arma de dominação. Se quisermos uma sociedade igualitária, menos sexista, um dos primeiros passos é, na medida do possível, procurar representar isso na língua que usamos.
Este texto peca enormemente. Para começar, não existe a expressão "homem sapiens", mas "HOMO sapiens" (e isso é latim, não português.
ResponderExcluirOutra cousa é que a palavra HOMEM tem dois significados, e nisso não há machismo. Um é o masculino de mulher, o outro é o nome de um animal, termo genérico, que inclui o macho e a fêmea do tal "homo sapiens". Ninguém diz quer cria coelhos e coelhas, mas apenas que cria coelhos. O genérico vai para o masculino, apenas para simplificar. Para quê dizer duas palavras se uma única já dá o recado? Tolice complicar, como querem, hoje em dia, as tais feministas. Por isso se diz: o homem foi à lua" ou "os alunos desta sala são bons". Mas há casos em que o genérico vai para o feminino: ninguém cria galos (exceto se só existirem machos no GALINHEIRO); cria-se galinhas. Do mesmo modo, não se criam bois ou touros, mas vacas. Por que será que as feministas não são coerentes e não brigam contra essa forma feminina de expressão?
O feminino da palavra "marido" é "mulher" mesmo. A palavra "esposa" é feminino de "esposo". O padre poderia dizer "esposo e esposa", mas nunca "marido e esposa". A palavra "mulher" serve de feminino tanto para "homem" quanto para "marido" e isso só é machismo para quem consegue achar chifre em cabeça de cavalo.
Chamar um menino de "mulherzinha" tem de ser ofensivo mesmo, uai! Não que ser mulher seja menos, mas apenas pq ele NÃO É mulher. Da mesma forma, as meninas não gostam (e nem devem gostar) se alguém as chama de "homenzinhos" ou de "piás".
O texto só tem razão qdo fala da existência da palavra "presidenta". Mas o que constrangeu foi a Dona Dilma querer obrigar o seu uso. A despeito da existência do termo feminino, a palavra "presidente" sempre foi comum de dois (serve para os dois sexos). Querer exigir o uso de uma forma apenas para se dizer mulher não é papel de quem ocupa um cargo elevado como a presidência da república.
Com relação à palavra "padroeira", já me disseram que há uma explicação lógica para seu uso, mas confesso que desconheço. Aliás, eu vim parar neste texto procurando tal explicação. A princípio a forma correta DEVERIA SER "madroeira" mesmo... mas vou descobrir.