Quatro acontecimentos, quatro dias por semana, quatro pessoas ligadas em uma extensa sequência de Fibonacci. No dia 22 de agosto, após a exibição de Velho Chico, estreou na Globo a série Justiça, escrita por Manuela Dias, com direção artística de José Luiz Villamarim. O público esperava um padrão semelhante a outros recentes grandes sucessos da emissora como Amores Roubados e Para Sempre?, quando foi surpreendido pelo formato singular da produção que revelava quatro histórias diferentes acontecendo em paralelo, na mesma cidade e no mesmo período de tempo. O grande detalhe é que essas histórias foram sendo apresentadas aos poucos dentro da grade de programação e os protagonistas do primeiro episódio se transformavam em coadjuvantes no segundo e assim por diante.
A série em suas hipertextualidades revela de maneira instigante personagens que mexem com o imaginário e, a dualidade mocinho/vilão não existe, o que há, são seres humanos repletos de erros, acertos, sentimentos, vontades lutando para sobreviver em uma cidade, Recife, que se faz protagonista nas tramas. A capital pernambucana é palco para o menino perturbado por ciúme que mata a namorada, a mãe desesperada que protege sua família, a jovem negra presa por racismo e o contador de uma empresa de ônibus que pratica a eutanásia em seu grande amor.
De maneira pouco vista nas produções brasileiras, Justiça possui técnica e estética própria, além de um ótimo trabalho de pós-produção. As cenas se cruzam e os personagens se encontram, podendo ou não interagir, o que aguça a percepção do telespectador para ficar atento a todos os detalhes. Um mesmo momento é gravado em diferentes ângulos que só serão vistos no decorrer dos episódios. Aos poucos, a série que aborda machismo, racismo, cultura do estupro e outros temas bastante atuais mexe com nossas ideias de ética e moral.
Com uma pegada de drama psicológico, Justiça coloca o público para refletir sobre seus próprios conceitos e ideologias, fazendo perceber a complexidade de se construir apenas dois polos, o de certo e errado. A vingança como alternativa ou o perdão como solução? Ao longo de 20 capítulos, a série que já entra na sua quarta semana traz a tona aquilo que os humanos insistem em esconder, a natureza irracional. Com entrega nas atuações, a produção promete emoções variadas a cada capítulo, deixando as respostas cada vez mais distantes.
Prefiro Rebelde. Por que a Globo não compra os direitos autorais?
ResponderExcluirCadê a democracia??
ResponderExcluirWilliam Bonner e Fátima Bernardes se separaram. Cadê essa notícia?
ResponderExcluirAcho que temos prioridades na vida, não?