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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Oscar 2017: A grande chance nas mãos do 'Pequeno Segredo'

Comissão do MinC seleciona longa de David Schurmann para representar Brasil na corrida pelo Oscar de filme estrangeiro; escolha foi feita após polêmica que envolveu 'Aquarius', destaque no Festival de CannesO tapete vermelho nem sequer foi montado. No entanto, a corrida para saber quais serão os filmes concorrentes do maior prêmio do cinema mundial já começou: o Ministério da Cultura brasileiro anunciou que 'Pequeno Segredo', de David Schurmann, representará o país na disputa pelo Oscar de Filme Estrangeiro, em 2017. O anúncio foi feito no dia 12 de setembro. Para concorrer à estatueta, cada país pode submeter apenas um longa-metragem à Academia, que divulgará em 24 de janeiro do próximo ano os cinco finalistas que estarão presentes na glamurosa cerimônia de premiação, que acontece em fevereiro no Teatro Kodak, Hollywood.
Em entrevista ao Estadão, Schurmann destacou que seu longa tem "a cara do Oscar" e que, caso permaneça entre os selecionados até a última etapa, tem chance de levar o prêmio: "Se ficarmos entre os cinco finalistas já será uma grande vitória e terei a sensação de 'missão cumprida', mas também acredito que podemos ir mais longe, temos um filme que poderá trazer a estatueta", disse o cineasta catarinense, de 42 anos.

>> Polêmica política
Antes de chegar ao 'Pequeno Segredo', a comissão criada pelo MinC para escolher apenas um entre os 16 filmes brasileiros submetidos enfrentou diversos contratempos. 'Aquarius', do diretor e roteirista pernambucano Kléber Mendonça Filho, competiu no renomado Festival de Cannes e foi massivamente elogiado pela mídia internacional especializada. A atuação de Sônia Braga como a protagonista Clara gerou, inclusive, rumores de que a lenda da dramaturgia brasileira levaria o prêmio de Melhor Atriz do Festival. Por conta da recepção positiva e calorosa tanto pelo público quanto pela crítica, 'Aquarius', que concorria à vaga brasileira na competição do Oscar, tinha o pacote completo para ser o representante verde e amarelo. No entanto, os críticos de cinema e os principais jornais brasileiros deram mais destaque ao tapete vermelho da première francesa em suas matérias de divulgação, transformando o filme num pronunciado ato político de resistência. Kleber Mendonça, os produtores e o elenco levantaram placas e protestaram em diversas línguas contra o governo interino (naquele momento) de Michel Temer, chamando a atenção das lentes internacionais ao golpe institucional que ocorria no Brasil. 


Entre as personalidades mais vocais e negativas à première de 'Aquarius' estava Marcos Petrucelli, crítico cinematográfico da Rádio CBN e criador do portal e-Pipoca. Em suas redes sociais, Marcos expôs claramente seu desgosto ao filme de Mendonça. Em entrevista à Folha, Petrucelli diz que a personagem Clara, para muitos, foi apenas "chata" e que o filme é um reflexo do momento enfrentado atualmente pelo Brasil. Coincidentemente ou não, Marcos foi um dos convidados para a comissão que escolheria o representante brasileiro ao Oscar.
A participação de Petrucelli foi repudiada pela equipe de 'Aquarius' e seus apoiadores, apontando para o risco de que a escolha levaria em consideração o âmbito político dos filmes apresentados. Os cineastas Gabriel Mascaro, de 'Boi Neon', e Anna Muylaert, de 'Mãe Só Há Uma', retiraram seus filmes da competição nacional em protesto à Comissão formada. A atriz Ingra Liberato e o diretor Guilherme Fiuza, que faziam parte da Comissão, pediram afastamento alegando conflitos pessoais e foram substituídos pelos cineastas Bruno Barreto e Carla Camuratti.
A coluna de Ancelmo Gois revelou que 'Pequeno Segredo' venceu na votação final por apenas um voto, o que levantou ainda mais dúvidas sobre a qualidade do filme como representante do país para o prêmio. Ao jornal O Globo, o cineasta Bruno Barreto, que presidiu a Comissão, disse que 'o desfecho poderia ter sido outro', mas ressaltou que não houve pressão política: "O ministério não fez força contra o filme ('Aquarius'). A Comissão não sofreu pressão política. O ministro (da Cultura, Marcelo Calero) falou em entrevista que gosta do filme. Em outros anos, milhões de filmes que poderiam ter chance também perderam em votação, isso acontece. Acredito que 'Aquarius' teria uma pegada interessante na disputa do Oscar. Mas não acho que perdemos a nossa chance. Quem disse que 'Pequeno segredo' não pode ter qualidade para uma boa recepção internacional?", comentou.

Rafael Trovó

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