Ainda muito bem sucedida, série médica completa 12 anos no ar sem previsão de dizer adeus ao público
Talita Jeolás
“O carrossel nunca para de girar”.
Há 12 anos, Meredith ouviu essa frase de sua mãe, Ellis. Era apenas o quarto episódio da segunda temporada de Grey’s Anatomy, um seriado médico que chegava à grade da ABC propondo renovação, um novo olhar sobre o que consistia utilizar a medicina como entretenimento, além de um turbilhão de drama e humor. Atualmente na 13ª temporada, a série já teve 287 episódios exibidos e sua criadora, a americana Shonda Rhimes, já confirmou pelo menos mais uma temporada. “Enquanto Shonda quiser continuar contando essa história, continuaremos exibindo”, disse Channing Dungey, presidente da ABC, em um congresso televisivo no início deste ano.
Durante todo esse tempo no ar, Grey’s conquistou uma legião de fãs fiéis, e tornou-se uma das séries mais assistidas de todos os tempos exibidas pela ABC. O drama médico de Shonda Rhimes também arrebatou muitos prêmios durante sua trajetória, incluindo um Globo de Ouro de melhor série dramática em 2007. Ellen Pompeo, que interpreta a protagonista Meredith Grey, venceu o People’s Choice Awards quatro vezes seguidas na categoria de melhor atriz em série dramática (2013, 2014, 2015 e 2016), confirmando o carinho do público pela personagem e pela própria Grey’s Anatomy.
Duas das maiores marcas do seriado são a forma como personagens queridos são mortos de uma hora para a outra e as season finales eletrizantes, traumáticas e extremamente trágicas. Essas características renderam à Rhimes o carinhoso apelido Shondanás, dado pelos fãs brasileiros de Grey’s.
Do elenco original, permanecem apenas quatro personagens: Meredith Grey (Ellen Pompeo), Alex Karev (Justin Chambers), Miranda Bailey (Chandra Wilson) e Richard Webber (James Pickens Jr.). Shonda nem ao menos poupou o par romântico de Meredith, Derek Shepherd, interpretado pelo ator Patrick Dempsey, que morreu em um acidente de carro na 11ª temporada. “Quais eram as opções? Ou Derek morria, ou abandonaria a Mer. E o que isso significaria? Daria a entender que o amor dos dois não era verdadeiro, que tudo que vendemos por 11 anos era uma mentira”, explicou Rhimes em entrevista. Dempsey decidiu deixar a série após desentendimentos constantes com a autora.
Falar de 12 anos de Grey’s Anatomy renderia quase uma enciclopédia. Foram dezenas de casais formados, uma narração reflexiva por episódio, diversas tragédias, bordões, cenas cômicas, cenas emocionantes e ainda algumas sem o menor sentido ou necessidade. Grey’s errou e acertou muito, mas o mais importante foi o quanto ensinou ao público. De uma mulher negra e gorda ocupando o cargo mais alto do Grey Sloan Memorial Hospital a um casal lésbico interracial que ganhava o mesmo tempo de tela que casais heterossexuais da série, Grey’s Anatomy segue sua jornada matando preconceitos e exterminando regras sociais retrógradas. E o final? Ellen Pompeo afirma: “ainda não chegou a hora”.
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